Rascunhos de Falsos-poemas

Rascunhos, pois será sempre algo com arestas por limar... Falsos, pois poemas não o são, apesar de forma pretenciosa o quererem ser.

Nome:
Localização: Portugal

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Algo sou

Serei algo?
Se não sei para onde vou…!
Quem me dera possuir a clareza,
De saber o que o mundo me deseja.

Sou algo…
Sei que sou.
Disso poderei ter certeza,
Mesmo que um nada seja.

Serei alguém?
Nisso já não creio.
Mesmo que com grande destreza
Alguém me tente convencer do contrário.




Ventura, Rio de Mouro
(27/4/2006)

sábado, 6 de outubro de 2007

Foi ontem...

Foi ontem …
Que quis fazer tudo
E que quase tudo fazia,
Mas que muito deixei por fazer.

Foi ontem …
Que o grito suava cá bem do fundo
E que com tal força explodia!
Mas que o deixei esmorecer.

Foi ontem …
Que encontrei a abertura ao mundo
E que dei luz ao dia,
Mas que tudo deixei escurecer.

Foi o ontem …
Que me pôs hoje lúcido
E que me fez querer que podia,
Nada deixar por fazer!



Ventura, Boa Hora
(11/11/2005)

Tempo II

O tempo passa…
… mas as memórias ficam
Caídas por terra esquecida
Ou ordenadas no meu coração.


Se o tempo não passasse…
… ninguém podia então
Provar as diferentes fazes da vida,
Que iguais nunca são.


Para mim o tempo pouco passou…
… e o que passou tem mostrado calma,
Mas já muito ficou
Arrumado ou cravado na minha alma!






Ventura, Paiol
(07/09/2004)

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Tempo

O Tempo foi outrora um cavalo,
Com certeza, um cavalo possante,
Branco … tão branco e luzente
Que ninguém conseguia olhar … e vê-lo.
Que corria sempre a seu ritmo,
Não se incomodando com quem ia à frente.

Nunca teve ninguém que o domasse,
Tais rédeas, não permitia.
Deve ter existido quem tentasse,
Mas de lá … bem não sairia.

Existiu quem o marcasse
A ferro e fogo, lápis ou pincel.
Mas também ele deixava marca,
A marca do seu casco,
Por onde quer que passasse,
Bem profunda e fiel.

Consentia, a quem o acompanhasse,
Sentar no seu dorso,
Mas só permitia, a quem o amasse,
Agarrar na sua crina!

O Tempo foi outrora um cavalo,
Com certeza que foi … mas já não o é …
É o Tempo que conhecemos.
Pouca gente consegue marca-lo,
E parece quase nunca deixar marca!
É este … o Tempo que mal conhecemos.


Ventura, Paiol
(09/08/2004)

sábado, 18 de agosto de 2007

Noite

A Noite tudo consente,
Nela tudo é diferente,
Tudo mente…
A Noite não tem uma alma,
Tem a de todos que a percorrem
De forma indiferente.

A Noite tudo consente,
Quando nela não há luar,
Fazendo ver na escuridão
Aquilo que ela sente.

Tudo é diferente,
Mesmo com o esforço da Lua
Ao tentar iluminar
Os que lá habitam temporariamente.

Nela tudo mente,
Pois ao olhar
Ela pode enganar quem a enfrente.
A Noite não tem uma alma,
Tem a de todos nós que a percorremos
De forma indiferente.


Ventura, Paiol
(08/08/2004)

Estar só…
É, em qualquer lugar,
Estar com alguém e também com ninguém.
Estar eu e mais nada.
É eu ser aquilo que sou
E estar comigo … só eu.

Estar só…
É questionar, com questões sem fim,
Sem resposta … mas com sentido!
E esclarecer-me, com aquilo que já é meu.

Estar só…
É estar aqui sozinho,
Sem saber se o “aqui” se transformou no “ali”
E o passado no presente, não só meu.

Estar só…
É meditar no que já foi meditado,
É sentir o que já foi sentido.
Mas eu descubro sempre mais,
Algo novo ou inacabado,
Quando estou comigo … só eu.



Ventura, Paiol
(08/08/2004)

Dor

Dói, como se nunca
Tivesse doido antes!
Dói sempre … sempre
De maneira diferente,
Tal como eu, que não sou
Igual a ninguém.

Mas dói, tão profundo
E lá do fundo,
Que não chego a saber
De onde vem.

Não dói por ti, nem por mim
Nem por alguém.
Só sei que dói
E isso sei-o bem!

O impressionante é ver
Como esta dor
Depois de doer,
Deixa um vazio que nada enche
E isso só eu sei,
E sei-o bem!



Ventura, Paiol
(08/08/2004)